Bases teóricas

O empreendedorismo, a inovação tecnológica e a comercialização de pesquisa são fenômenos intrinsecamente ligados e vitais para criação e manutenção da riqueza de um país (HINDLE, K.; YENCKEN, J., 2004).

As exportações brasileiras são fortemente concentradas em commodities primárias, as quais representam cerca de 40% do total. A composição da pauta de exportação brasileira é significativamente diferente da composição da pauta das exportações mundiais, em que a participação das commodities é de apenas 13%. A possibilidade de ampliar a inserção do Brasil nos mercados de maior conteúdo tecnológico e, conseqüentemente, de maior valor agregado, é uma questão especialmente relevante (DE NEGRI et al. 2005).

Vários autores destacam a importância do investimento em inovação tecnológica, uma vez que a melhoria do nível tecnológico é um aspecto fundamental para a criação de vantagens competitivas sustentáveis e para o crescimento econômico a longo prazo de uma nação (DE NEGRI et al. 2005).

Pesquisadores de universidades, sejam professores ou alunos, são ferramentas singulares no processo de inovação pelo conhecimento tácito tecnológico acumulado que possuem. Por isso, têm grande potencial para criarem produtos ou processos inovadores que são de grande importância para os desenvolvimentos tecnológico, econômico e social de uma nação (ARAÚJO., 2004).

O termo “Spin-off Acadêmico” (SOA) refere-se é uma empresa criada para explorar determinada propriedade intelectual gerada a partir do trabalho de pesquisa e desenvolvido realizado em uma instituição acadêmica (SHANE, S. 2004).

Segundo ARAÚJO, os Spin-off popularizaram-se com o surgimento do Vale do Silício e da Rota 128 nos em tornos de universidades de prestígio, como Standford e MIT. Desta forma, os Spin-offs têm sido parte da realidade de universidades americanas por décadas. Por outro lado, o fenômeno de SOA na Europa e especialmente no Brasil está ainda na infância. Embora os primeiros SOAs tenham aparecido na Europa na década de 70, muitas autoridades acadêmicas foram indiferentes ou mesmo contra o seu desenvolvimento (ARAÚJO., 2004).

Este mesmo autor reforça algumas características desta classe de empreendimento as quais, em linhas gerais, envolvem: i) Empresas que se originam em Universidades; ii) Empresas que irão explorar inovações tecnológicas, patentes e, também, o conhecimento acumulado por indivíduos durante atividades acadêmicas; iii) Empresas fundadas por pelo menos um membro da Universidade (professor, estudante ou funcionário) (ARAÚJO., 2004).

Segundo SERRA 2008, a conceituação de Empresas de Base Tecnológica (EBTs), independentemente do mercado no qual estejam inseridas, relaciona-se a empresas que trabalham com inovação e com atividades sistemáticas de P&D.

Trabalhos atuais demonstram um crescimento de 8,4 % no número de empresas que fizeram inovação tecnologia no Brasil, sendo as de médio porte (de 100 a 499 empregados) aquelas que obtiveram o aumento mais significativo nas taxas de inovação entre os anos de 2001 e 2005. (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2007)

Em 2009 RAPINI e colaboradores realizaram um importante trabalho no estado de Minas Gerais com o intuito de avaliar as interações entre universidade e indústria no contexto de um sistema imaturo de inovação. Este estudo extrapola a heterogeneidade observada no estado de Minas Gerais para todo o pais e discute o duplo papel da universidade como ator substituinte ou complementar as atribuições de pesquisa e desenvolvimento feito pelas próprias empresas (RAPINI 2009).

O trabalho supracitado evidencia o estágio imaturo do Sistema Nacional de Inovação (SNI) brasileiro caracterizado por interações insipientes e em fase de consolidação entre universidades e empresa. Ademais, o trabalho demonstra a importância da universidade como fonte de informação não apenas EBTs como também para empresas de baixa ou média necessidade tecnológica (RAPINI 2009).

ARAÚJO, M. H., et al, “Spin-Off” acadêmico: criando riquezas a partir de conhecimento e pesquisa, Química Nova, 2005, 28, 0.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HINDLE, K. ; YENCKEN, J.; Technovation 2004, 24, 793.

RAPINI, M. S. et al University–industry interactions in an immature system of Innovation:  evidence from Minas Gerais, Brazil, Science and Public Policy, 2009, 35, 5.

RIBEIRO SERRA F., A. et al, A inovação numa Empresa de Base Tecnológica: O caso da Nexxera, J. Technol. Manag. Innov. 2008, 3, 3.

SHANE, S.; Academic Entrepreneurship. University Spin-offs and Wealth Creation, Edward Elgar, Northampton: EUA, 2004.

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